Patrimônio tombado em risco: MAM aguenta multidão e shows?

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Local já abrigou obras de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Pierre Verger e Vik Muniz, mas se vê ameaçado com avanço da badalação
O local que já abrigou obras de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Pierre Verger e Vik Muniz, hoje divide espaço com as farras do verão baiano. O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), na Avenida Contorno, tem sido espaço preferencial para shows que levam ao limite a capacidade do local, construído no século XVII, à margem da Baía de Todos-os-santos. A próxima grande atração que deve balançar (literalmente) as estruturas do espaço é Luan Santana, um dos sertanejos de maior público e alcance no Brasil nos últimos 10 anos.
Ao Jornal da Metrópole, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) afirmou que a autorização para apresentações no espaço custa R$ 800 mil. A verba é revertida para manutenção do próprio MAM. Em publicação no Diário Oficial do Estado, após questionamentos da imprensa, o Ipac passou a exigir a grade artística completa de eventos realizados em bens tombados antes de autorizar sua realização nos espaços. Segundo levantamento do órgão, só este ano foram realizados 21 shows e eventos no museu – 12 deles foram o Jam no MAM, que já acontece há 20 anos. De acordo com a pasta, todos “são precedidos de um processo administrativo de autorização de uso onerosa, onde são anexados documentos necessários à formalização”. 
O problema é que os últimos eventos, segundo o Iphan, não tinham autorização. De acordo com o órgão, o Ipac deveria ter comunicado a intenção de realizar um show lá e pedido autorização, o que não ocorreu.
Fundador da Jam no MAM defende shows
Fundador do Jam no MAM, Ivan Huol defende a convivência dos mais diversos shows no espaço, mas reivindica que o espaço de bandas que sempre se apresentaram no espaço continue preservado. “Eu acho que já está acontecendo [a exclusão dos grupos], não assim, mas por que estamos numa crise. Se fizéssemos a última JAM do ano e tivesse chovido, ou tivesse um dia de tempestade, o prejuízo seria gigante. A gente não tem bilheteria prévia. O show de uns e outros já chega pago. Tudo agora é monetizado”, reclamou, ao Jornal da Metrópole.
Nova regulamentação endurece shows
A portaria, publicada ainda no fim do ano passado, endurece os critérios para os eventos no MAM. Segundo o texto, o Ipac deve analisar e autorizar todas as instalações provisórias para os eventos em espaços tombados, desde a comunicação visual até instalações de apoio, como banheiros químicos, barracas e geradores. Mesmo com o novo ordenamento, especialistas apontam os prejuízos que o barulho produzido por shows podem causar ao meio ambiente, como assevera o geólogo Ricardo Fraga, professor da Ufba. “Uma ação como essa deveria ser pactuada com o conselho gestor da APA, levando em conta o zoneamento. Exige que o governo faça um estudo de impacto da vizinhança e esse impacto não deveria nem levar em conta somente os humanos”, disse ao jornal Correio.
Por Metro1

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